População jovem portuguesa acredita que pandemia irá transformar padrões de relacionamento
Um estudo do Instituto Europeu para o Estudo dos Fatores de Risco em Crianças e Adolescentes (IREFREA Portugal) revela que 71% dos jovens portugueses acreditam que a atual pandemia alterou a forma como se relacionam com os seus amigos. Realizado em parceira com a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, este estudo mostrou ainda que, face a esta crise, 45,7% dos inquiridos concordam com o fecho de fronteiras, 40% determinariam o isolamento social obrigatório, e 21,5% sugerem o encerramento de todos os serviços, exceto farmácias e supermercados.
O inquérito nacional debruçou-se ainda sobre os comportamentos de higiene, com 69% dos homens e 78,9% das mulheres a admitirem que esta crise irá modificar os comportamentos de higiene no futuro. Estes comportamentos coincidem, na sua maioria, com as indicações dadas para controle da pandemia: 10,9% referem que irão adotar medidas mais conservadoras de distanciamento social; 94,3% de higienização das mãos; 7,5% de etiqueta respiratória, e 24,7% referem que irão ter uma maior atenção à limpeza e desinfeção.
Para Fernando Mendes, presidente do IREFREA Portugal, estes resultados demonstram que “ao contrário do que se tem veiculado sobre a atitude irresponsável dos jovens, existe uma opinião favorável à contenção da epidemia. O contexto atual trouxe consigo uma nova forma de relacionamento social para a maioria, que assume a adoção de diferentes rotinas para o futuro”. No entanto, e na opinião do psicólogo, “é preciso acautelarmo-nos de esforços para que a contenção se mantenha, pois existe ainda uma franja considerável que não a reconhece como essencial”. Com 56,9% dos participantes a afirmarem que esta situação de contingência levou a uma maior utilização das redes sociais, 28,1% da amostra não planeia ou tem dúvidas se vai alterar a forma como se relaciona com os amigos durante este período.
O estudo dirigido a pessoas dos 16 aos 35 anos foi idealizado com o objetivo de perceber a posição da juventude acerca das medidas de contenção do COVID19 e, com essa informação, apoiar a implementação de algumas estratégias preventivas mais eficazes
Sobre o inquérito
O estudo foi desenvolvido recorrendo a um questionário on-line, disseminado durante 24h, e recolhendo 374 respostas. Dessas respostas foram eliminados 34 casos, que correspondiam a pessoas com 36 e mais anos. Das 341 respostas analisadas verificou-se que 25,5% indicaram sexo masculino e 73,6% o feminino. A média de idades dos homens (23,6±4,8 anos) não era estatisticamente diferente das mulheres (22,9±4,4 anos). A profissão mais referida foi estudante (58,1%) e 23,2% refere ser trabalhador por conta de outrem. Apenas 1,8% dos respondentes refere ser desempregado(a). Quanto à área de residência, 66,6% refere território urbano e 74,8% vive com a família de origem. Em média, utilizam 4h diárias para estar nas redes sociais e saíam para ir a um café, bar ou discoteca ou festas de amigos, em média, 2 noites por semana.
Coimbra, 4 de abril de 2020